Chamada de ̈Escassez Hídrica ̈, nova bandeira tarifária eleva a taxa extra para R$ 14,20 – cobrança adicional será feita até 30 de abril de 2022
Desde o último dia 1º de setembro, os brasileiros estão sentindo no bolso os impactos da escassez de chuvas nas usinas hidrelétricas. Isso porque entrou em vigor a nova bandeira tarifária da conta de energia elétrica – junto dela, veio mais um aumento de 50% na cobrança adicional. Chamada de ̈Escassez Hídrica ̈, a nova bandeira tarifária substitui a sua antecessora – a bandeira vermelha patamar 2 – e chega com o objetivo de o agravamento da pior crise hídrica da história do Brasil.
Energia solar se torna a opção mais viável para economizar na conta de luz
Com a nova bandeira, a taxa extra será de R$ 14,20 para cada 100 kilowatt-hora (KWh) consumidos. O novo patamar representa um aumento de R$ 4,71 em relação ao anterior. Isso representa um aumento de 50% em relação à bandeira vermelha patamar 2, até então o maior patamar, no valor R$ 9,49 por 100 kWh.
A cobrança extra será feita até 30 de abril de 2022 e encarecerá a conta de energia, em média, em 6,78%, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Vale lembrar que o aumento não se calcula sobre o valor total da conta de luz, mas a cada 100 kWh consumidos.
Reajuste não é o suficiente – e podemos ter mais pela frente
Segundo a Aneel, mesmo com o reajuste recente das bandeiras tarifárias, incluindo a criação do patamar 2 da bandeira vermelha, em junho, a arrecadação extra para custear o aumento da geração de energia segue insuficiente. O déficit na conta de bandeiras tarifárias está em R$ 5,2 bilhões. Além disso, o Brasil precisará importar energia de países vizinhos, ao custo de R$ 8,6 bilhões.
Saiba mais sobre como funcionam as bandeiras de cobrança extra
Criadas em 2015 pela Aneel, as bandeiras tarifárias refletem os custos variáveis da geração de energia elétrica e são divididas em níveis. Elas indicam, portanto, quanto está custando para o Sistema Interligado Nacional (SIN) gerar a energia usada nas casas, em estabelecimentos comerciais e nas indústrias. Quando a conta de luz é calculada pela bandeira verde, significa que a conta não sofre nenhum acréscimo.
A bandeira amarela significa que as condições de geração de energia não estão favoráveis, e a conta sofre acréscimo de R$ 1,874 por 100 quilowatt-hora (kWh) consumido. A bandeira vermelha, portanto, mostra que está mais caro gerar energia naquele período. Ela se divide em dois patamares. No primeiro patamar, o valor adicional cobrado passa a ser proporcional ao consumo, na razão de R$ 3,971 por 100 kWh; o patamar 2 aplica a razão de R$ 9,492 por 100 kWh.
Por que a conta aumenta?
A usina hidrelétrica, que gera energia a partir da força da água nos reservatórios, é a mais barata e a primeira opção do SIN. Por isso, em épocas de muita chuva e reservatórios cheios, a bandeira tarifária costuma ser a verde, porque a energia está sendo produzida em grande capacidade e em condições favoráveis.
Em períodos de estiagem, quando o nível dos reservatórios diminui, é necessário captar energia de outros tipos de usina, como as termelétricas. Esse tipo de usina gera energia a partir de combustíveis fósseis, como carvão, diesel e gás. Ou seja: além de ser mais poluente, é menos eficaz e mais cara. Por isso, quando as termelétricas são acionadas, o custo da geração de energia aumenta e a bandeira tarifária muda, já que as condições de produção ficam menos favoráveis.
Quem faz a avaliação das condições de geração de energia no país é o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). É ele, portanto, quem define a melhor estratégia de geração de energia para atendimento da demanda. Ela define, aliás, a previsão de geração hidráulica e térmica, além do preço de liquidação da energia no mercado de curto prazo.