Durante um evento organizado pela Folha de São Paulo, Sandoval Feitosa, diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), destacou o aumento das tarifas de energia como um dos principais impulsionadores da desindustrialização no Brasil nos últimos anos. Feitosa ressaltou a necessidade de abordar esse desafio como parte do processo de neoindustrialização do país.
Feitosa apontou que a prática de embutir subsídios na conta de energia, repassando o ônus ao consumidor, tem contribuído significativamente para esse cenário. Ele enfatizou que o movimento de desindustrialização deve ser analisado sob várias perspectivas, sendo o custo da energia elétrica um fator crucial. Além das questões tecnológicas e macroeconômicas, Feitosa destacou que o custo da energia pode tanto incentivar quanto desincentivar o crescimento da indústria nacional.
O diretor da Aneel também observou que a indústria brasileira enfrenta uma capacidade instalada subutilizada, que precisa ser reativada em breve. Nesse contexto, ele enfatizou a necessidade de uma revisão legal e regulatória do setor elétrico para remover subsídios desnecessários que impactam no custo da energia elétrica.
Jerson Kelman, conselheiro de várias empresas do setor, complementou a discussão, sugerindo que os subsídios concedidos deveriam ter prazo de validade, destacando a interferência do Congresso Nacional nesse aspecto. Ele ressaltou a importância de uma atuação política mais transparente e focada no interesse público, evitando distorções que prejudicam os consumidores.
Feitosa também abordou os desafios e oportunidades relacionados à entrada de projetos de energia eólica e solar no país. Ele destacou a necessidade de aprimoramentos tecnológicos, especialmente em sistemas de armazenamento de energia, para lidar com a produção intermitente dessas fontes. Feitosa enfatizou que o Brasil possui recursos minerais que poderiam viabilizar a produção de baterias, posicionando o país como líder nesse setor em ascensão.