O conceito, a popularização e as diferentes visões sobre a recuperação verde

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Projetos para a recuperação verde da economia passaram a ser discutidos em diversos países – no Brasil, ex-ministros da Fazenda pediram a transição para uma economia de baixo carbono

O conceito de economia verde recebeu citação pela primeira vez em 1987, no Relatório Brundtland – também chamado de “Nosso Futuro Comum. Um publicado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela ONU naquele ano.

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A publicação ficou conhecida por ter disseminado a ideia de desenvolvimento sustentável. Coordenado pela então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, o texto foi a primeira tentativa de estabelecer metas globais para evitar o avanço dos problemas ambientais vistos até então.

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Os países discutiam esse tema desde a década de 1970, quando cresceu a percepção sobre os efeitos negativos. Poluição, desmatamento, escassez de água, aquecimento global etc. – do modelo de desenvolvimento que seguiam até então, baseado no capitalismo industrial.

Em 1972, 113 países participaram da Conferência de Estocolmo, a primeira sobre meio ambiente da história da ONU. Em 1988, a organização criou o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), autoridade científica para investigar o avanço da mudança climática.

A popularização do conceito

A ideia de economia verde se popularizou anos depois da publicação do Relatório Brundtland, em eventos como a ECO-92, conferência das Nações Unidas realizada em 1992 no Rio de Janeiro que lançou as bases para acordos ambientais importantes, e a crise financeira de 2008, quando houve propostas de retomada sustentável.

Apesar desses avanços, a maioria dos países fez pouco nas décadas seguintes para a transição para a economia de baixo carbono, na avaliação de ambientalistas e economistas engajados no tema. Embora fontes de energia renováveis tenham ganhado espaço, o uso de combustíveis fósseis ainda é predominante.

Com a pandemia de covid-19, em 2020, a economia verde ganhou novo fôlego. Economistas, ambientalistas, integrantes da sociedade civil e parte dos políticos defendem agora a “retomada verde” como forma de sair da crise econômica deixada pelo coronavírus.

Projetos para a “recuperação verde” da economia passaram a ser discutidos em diversos países, como Estados Unidos, China e os países da União Europeia. No Brasil, ex-ministros da Fazenda pediram em 2020 a transição para uma economia de baixo carbono.

Visões sobre a recuperação verde

Crescimento verde

Difundido entre agentes do mercado, o discurso do crescimento verde se apoia na crença de que o crescimento econômico é o principal gerador de progresso e bem-estar e na noção de que a degradação ambiental põe o desenvolvimento em risco. Para isso, a solução deve ser a retomada do crescimento, mas com soluções “verdes”.

Transformação verde

Associado à visão de organismos internacionais como a ONU, esse discurso transmite a ideia de que a sociedade pode chegar à sustentabilidade por meio da tecnologia e de mudanças institucionais marginais. É semelhante ao do crescimento verde, mas dá mais ênfase ao papel das instituições e da justiça social.

Revolução verde

Descrito como o mais antigo da economia verde, esse discurso defende profundas transformações sociais, políticas e econômicas que ponham a sociedade em harmonia com a natureza e dentro dos limites ecológicos do planeta. Aproxima-se de ideias como a da ecologia profunda – de que a natureza tem valor intrínseco, independentemente de seu uso pelas pessoas -, do decrescimento e do ecossocialismo.

Resiliência verde

Esse discurso defende mudanças com o objetivo de manter o status quo. Considerado o menos radical de todos, é utilizado por atores que veem a economia verde com desconfiança. Ele se diferencia do discurso do crescimento verde por ser mais cauteloso e menos otimista.



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