Avião Solar Impulse 2 funciona durante a noite usando baterias carregadas durante o dia
Em 2016, um avião de aparência bizarra, coberto por mais de 17 mil painéis solares, mostrou ao mundo o futuro da aviação. Com a envergadura das asas de um Boeing 747, mas pesando apenas o equivalente a um carro SUV, ele sobrevoou a Terra sem usar uma gota de combustível.
Chamado de Solar Impulse 2, ele foi idealizado pelos suiços Bertrand Piccard e Bertrand Borschberg e construído para demonstrar o potencial da energia renovável. Depois de um voo que quebrou recordes, ele alcançou um objetivo – mas agora está ganhando um novo propósito de existência.
Em 2019, a Skydweller Aero comprou a tecnologia. Trata-se de uma startup que busca torná-la no primeiro “pseudosatélite” comercialmente viável do mundo, capaz de fazer o trabalho de um satélite em órbita, mas com mais flexibilidade e menos impacto ambiental.
Mais barato e sustentável
Depois de comprar o Solar Impulse 2, a Skydweller passou meses o modificando para voar novamente em novembro de 2020. Desde então, o avião completou 12 voos de teste. O objetivo é torná-lo um drone, não-tripulado.
Decolagens e pousos ainda são realizados pelo piloto, mas o próximo passo é acrescentar sistemas que tornarão esses processos automáticos. Remover o piloto e a cabine dá mais espaço para cargas. E é um passo necessário para permitir que o avião voe por semanas e meses (o voo mais longo do Solar Impulse 2 durou quase cinco dias).
A aeronave pode ser implantada no início de 2023, e a empresa acredita que haverá mercado para uma frota de milhares de unidades. Empresas como o Facebook e o Google testaram pseudosatélites no passado, mas nunca desenvolveram um produto comercial.
Monitorando os oceanos
Assim como foi com os satélites, o projeto está atraindo interesse para usos governamentais e militares. A Marinha dos EUA investiu US$ 5 milhões (cerca de R$ 25 milhões) na Skydweller para verificar a habilidade da aeronave de investigar patrulhas marítimas, para as quais hoje são empregados drones que não conseguem voar por mais do que 30 horas.
A Unidade de Inovação em Defesa, organização que busca tecnologias emergentes para o exército americano, premiou a empresa com um contrato de US$ 14 milhões (cerca de R$ 70 milhões).
Benefícios ambientais
Muitas de suas potenciais aplicações possuem benefícios ambientais, incluindo o monitoramento de recursos naturais. Por exemplo, patrulhar o oceano atrás de pesca ilegal e vazamentos de petróleo em operações de perfuração profunda.
A telecomunicação também é um uso chave para a Skydweller, pois utilizar a aeronave para prover acesso à internet ou à telefonia celular poderia ser economicamente viável em lugares em que a infraestrutura tradicional ou satélites podem não ser.