As mochilas solares que ajudam estudantes de Botsuana

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Equipamentos vêm com placas capazes de armazenar energia para carregar dispositivos eletrônicos e fornecer luz por até sete horas

O fornecimento de energia elétrica ainda é um empecilho para muitos países da África. De acordo com relatório da Agência Internacional de Energia de 2022, 600 milhões de pessoas – cerca de 43% da população total do continente – não têm acesso à eletricidade, sobretudo na região subsaariana.

É o caso de Botsuana, país localizado geograficamente acima da África do Sul que sofre com a falta de energia nas regiões rurais. Apesar de quase 78% da população urbana ter acesso à eletricidade, esse número se reduz para 37,5% na área rural, conforme dados de 2016 da organização Sustainable Energy for All.

O estudo é uma das principais atividades afetadas pela limitação energética. Praticamente todas as atividades fora do ambiente escolar precisam ser realizadas no período diurno, utilizando da luz natural ou dependendo de velas para ler e realizar deveres de casa. Além disso, a não disponibilidade energética impede o uso de aparelhos eletrônicos para a pesquisa e estudo.

A partir disso, o engenheiro eletrônico botsuanense Kedumetse Liphi criou uma mochila solar capaz de armazenar energia para alimentar uma lanterna LED durante sete horas e, também, carregar dispositivos, como celulares, em até 40% da bateria.

A mochila permite com que crianças e adolescentes de áreas rurais do país tenham um maior tempo de uso da eletricidade, o que pode fazer diferença em seu aprendizado.

Mochila como fonte energética

Sob a marca Chedza – “luz”, na língua Kalanga, falada no leste de Botsuana -, a mochila teve seu primeiro protótipo em 2019. Ela é feita de lona resistente e durável, além de ser à prova d’água. Na parte da frente da bolsa está integrada uma placa solar, capaz de absorver e armazenar a luz do sol para uso posterior da energia.

Com a utilização das mochilas solares, os estudantes de áreas rurais têm condições de utilizar a iluminação para realizar leituras e trabalhos no período da noite. Além do uso didático, a possibilidade de recarregar aparelhos como celulares e computadores promove a facilitação do letramento digital.

Ao portal de notícias da ONU Africa Renewal, Liphi explicou que a escolha pelas placas solares foi em decorrência da alta incidência de raios solares na região. Com isso, o potencial fotovoltaico permite que uma alta quantidade energética seja transferida para a laterna LED e para os aparelhos nela carregados.

Fora da área estudantil, a mochila também chamou a atenção do Exército dos EUA. Os militares encomendaram uma versão adaptada do equipamento. Liphi, no entanto, pontua que ainda não tem condições financeiras e estruturais de desenvolver novas criações.

Como é a situação energética de Botsuana

Botsuana tem uma das maiores incidências solares do mundo, alcançando até 3.000 kWh/m²/ano, segundo o Global Solar Atlas, do Banco Mundial. Apesar do alto potencial fotovoltaico, a principal fonte de energia de Botsuana ainda é o carvão. Dados de 2015 da Afrec (Comissão Africana de Energia) mostram que 99,6% da energia produzida no país foi decorrente de combustíveis fósseis.

No entanto, a produção de energia é insuficiente para prover o país. Para suprir essa demanda, de acordo com a Afrec, Botsuana importa mais de 50% do que consome de países vizinhos, principalmente África do Sul e Zâmbia.

Para buscar alternativas aos combustíveis fósseis e melhoria nos sistemas energéticos, além de economizar e diminuir a importação de energia, Botsuana implementou duas políticas nacionais em 2021: de Energia e de Clima.

Ambas enfatizam a necessidade de encontrar formas de diminuir a emissão nacional de gases do efeito estufa. Dentre as formas elencadas, a energia solar é considerada uma das principais maneiras de cumprir os requisitos, por ser uma energia renovável e não emitir carbono.



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