Ação na favela paulista envolve uma parceria entre a iniciativa privada, o poder público e o terceiro setor, movimentando, ao todo, R$ 58 milhões
Moradores de uma comunidade de São José do Rio Preto, no interior paulista, estão contando os dias para começar a usar energia elétrica gerada por placas solares. A localidade, conhecida como Favela Marte, foi contemplada por um projeto da organização não governamental Gerando Falcões e deve ser a primeira comunidade com energia 100% solar na América Latina.
A comunidade tem 240 famílias – aproximadamente 700 pessoas, a maioria mulheres. A novidade deve pôr fim aos riscos de acidentes provocados por ligações clandestinas de energia elétrica e gerar uma economia de 95% do custo mensal atual com eletricidade de cada família, estima a Gerando Falcões.
No Brasil, a energia solar corresponde a apenas 1,7% da oferta de eletricidade atual, aponta o Ministério de Minas e Energia (MME). A fonte hidráulica ainda é responsável pela maior fatia, com 65% da oferta interna. Para 2030, a expectativa do MME é que 5% do total de eletricidade gerada seja de fonte solar.
Mais de mil painéis solares instalados até 2023
Prevista para ocorrer a partir do segundo semestre deste ano, a instalação das placas faz parte do projeto Favela 3D (Digital, Digna e Desenvolvida). A ação envolve uma parceria entre a iniciativa privada, o poder público e o terceiro setor, movimentando, ao todo, R$ 58 milhões.
Além dos painéis fotovoltaicos – mais de mil a serem instalados até 2023 -, a comunidade terá a área ocupada regularizada junto à Prefeitura e deve receber água tratada, rede de esgoto, asfalto, iluminação pública e novas moradias. As unidades de alvenaria terão 47 metros quadrados e vão substituir os barracos de madeira em que a população vive.
Paralelamente a isso, devem ocorrer ainda outras intervenções urbanas, como a instalação de equipamentos públicos, que também terão energia solar, área de lazer com acesso à internet, e capacitação para geração de renda entre os moradores.
Um dos cursos técnicos previstos envolve justamente a instalação dos painéis solares que acompanharão as novas casas. A ideia é que os moradores possam usar os conhecimentos sobre os equipamentos como mais uma forma de ingressar ou se manter no mercado de trabalho.