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Tecnologia desenvolvida na UFRGS utiliza luz solar para entregar água potável a periferias urbanas

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Protótipo de desinfecção da água a partir de raios solares tem alta eficácia e estrutura barata – tecnologia da UFRGS tem capacidade de desinfecção de um litro de água a cada noventa segundos

A busca por uma solução eficaz e de baixo custo para abastecimento de água potável em regiões periféricas culminou na obtenção da primeira patente verde da UFRGS. O registro, obtido em 2020, atende ao pedido de um grupo de cientistas do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Agrícola e do Ambiente (PPGMAA). Eles são os responsáveis pelo desenvolvimento de uma tecnologia para tratar a água em fluxo contínuo a partir da luz solar, que se apresenta como uma alternativa barata e acessível aos métodos convencionais de tratamento.

O método se chama SODIS (a sigla vem do inglês, solar water disinfection, desinfecção solar da água). Convencionalmente, consiste em colocar garrafas PET transparentes (ou outros recipientes transparentes) com o líquido sob o sol por pelo menos seis horas para matar microrganismos e tornar a água segura para consumo, graças ao calor e às radiações emitidas pelo sol. 

O volume de água obtido, no entanto, é muito pequeno. Isso exige um trabalho muito repetitivo e exaustivo. Além disso, em regiões de baixa renda nem sempre há tantas garrafas ou recipientes disponíveis. O diferencial da tecnologia desenvolvida na UFRGS é que ela aquece e esteriliza água com os raios solares trabalhando de maneira constante, o que permite alcançar um volume de água muito maior do que a SODIS estática. O equipamento pode ser instalado no local de captação da água. Não há necessidade de energia elétrica e a baixo custo.

Quem está por trás?

O trabalho fez parte do mestrado e está tendo continuidade no doutorado do pesquisador moçambicano Beni Chaúque, no PPGMAA. O protótipo foi desenvolvido em parceria com o Laboratório de Obras Hidráulicas do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS. Chaúque diz que procurou uma alternativa de abastecimento de água potável para atender a uma necessidade de muitas áreas rurais. 

“Os sistemas convencionais em larga escala, além de caros, só são adequados para locais como centros urbanos, com uma densidade demográfica grande. Embora seja obrigação abastecer todo o povo, as áreas menos populosas acabam não sendo rentáveis para os sistemas usuais”, explica. 

A invenção

A tecnologia desenvolvida na UFRGS mostrou ter uma atuação microbiológica muito eficaz. Chaúque afirma que o sistema funciona basicamente coletando e concentrando as radiações ultravioleta e infravermelhas do sol. “Nosso sistema captura essas radiações e as concentra para a água que flui naturalmente pelo equipamento, reduzindo aquelas seis horas de desinfecção para minutos ou até segundos”, ressalta, acrescentando que o sistema, em escala experimental, chegou à desinfecção de um litro de água a cada noventa segundos. 

O resultado ainda não é o ideal, considerando que cada pessoa precisaria, em média, de 25 litros de água por dia. O sistema, por enquanto, mostrou-se capaz de produzir 360 litros em um dia. A forma de abastecimento do reservatório pode ser aprimorado, que é manual. 

O sistema consiste em dois tanques, um de aquecimento e um de resfriamento, mais uma tubulação pela qual a água passa, recebendo os raios solares. Há um jogo de espelhos que direciona esses raios e concentra-os para os tubos onde a água está. Como o sistema permanece em fluxo contínuo – a água vai passando pelas tubulações e sendo esterilizada – o trabalho consegue ser feito em grandes volumes. Os bons resultados obtidos com o protótipo motivaram o grupo de pesquisadores a solicitar a patente.



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