Estudo de pesquisadores da USP reflete sobre o papel da energia fotovoltaica no retorno às atividades econômicas – Brasil se consolida como polo de utilização da energia solar
A imprevisibilidade gerada pela pandemia do novo coronavírus teve impactos rápidos e intensos no mundo todo. Até pouco tempo atrás, era inimaginável travar as atividades econômicas por semanas para ter que priorizar a saúde. Milhões de brasileiros passam por um momento de completa incerteza, sem saber como retomar suas atividades quando a pandemia amenizar ou chegar ao seu fim. A pergunta que fica é: o planeta irá absorver essas mudanças?
Como funciona a energia solar?
Em estudo publicado na última semana, os pesquisadores da USP Fabio Caixeta Nunes e Fernando de Lima Caneppele, ambos do Departamento de Engenharia de Biossistemas da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos de Pirassununga, refletiram sobre a demanda energética pós-pandemia no Brasil.
De acordo com o texto, a retomada das atividades econômicas, gradual ou não, irá provocar aumentos no consumo energético que podem equiparar ou superar o consumo anterior ao da pandemia. Nesse contexto, as energias provenientes de fontes renováveis, como a solar, surgem como uma oportunidade para novos empreendimentos.
Estudo da USP afirma que energia solar ganhará mais espaço
Segundo dados do Balanço Energético Nacional, publicados pelo Ministério de Minas e Energia (MME), em 2019, a matriz elétrica brasileira tem uma parcela de apenas 0,5% proveniente da energia solar. De acordo com o Plano Nacional de Eficiência Energética, publicado em 2011, espera-se reduzir o consumo de energia elétrica em até 10% até 2030. Essa redução deve ocorrer por meio de um plano de ações que estimulem a eficiência energética e prevejam a utilização da energia solar como insumo energético acessível aos consumidores brasileiros.
Neste ano, de acordo com os autores, foi publicado um estudo que enfatiza o papel do Brasil em pesquisas relacionadas às fontes de energia renováveis, demonstrando que o Brasil e os Estados Unidos são os países que mais produzem conhecimento científico nesse campo.
A energia solar utiliza a luz do sol para produzir energia térmica, no caso dos aquecedores, e/ou elétrica, sendo utilizado um sistema de placas solares que possui células fotovoltaicas. Para permitir a conversão de energia, utiliza-se materiais semicondutores, como o silício. Pesquisadores afirmam que o silício deve ser de alta pureza para essa aplicação, atingindo uma taxa de conversão de cerca de 25%.
Cientistas se debruçam sobre novas tecnologias para aumentar eficiência de painéis
Atualmente, estudos com perovskitas têm alcançado índices de conversão similares ou superiores ao do silício, chegando a até 23%, conforme relatado uma pesquisa da Universidade de Jiaotong, na China. O potencial uso desse material é justificado principalmente por não exigir grau de pureza elevado, ser comercialmente mais viável e formar uma estrutura menos robusta, reduzindo custos e facilitando a aplicação dos painéis solares.
Os estudos têm foco ainda na durabilidade dos novos sistemas fotovoltaicos, com menor absorção de água e na possibilidade de produção em escala comercial. Uma ação sinérgica de conhecimento da tecnologia e recursos (através de novos empreendimentos) poderá expandir práticas sustentáveis e aliar-se ao desenvolvimento econômico. Ao oportunizar o acesso a novas tecnologias, o Brasil cresce com menores gastos de recursos, com maior aceitação popular e sem deixar de atender aos requisitos sociais e econômicos.