Ainda é algo distante da nossa realidade. Mas, segundo Jeremy Munday, professor da Universidade de Maryland (EUA), a ciência pode avançar para esse caminho
Em artigo publicado e apresentado na capa da edição de janeiro de 2020 da ACS Photonics, alguns pesquisadores norte-americanos apresentaram uma célula fotovoltaica especialmente projetada para funcionar à noite e que pode gerar até 50 watts de energia por metro quadrado, o que equivale a cerca de um quarto do que um painel solar convencional pode gerar durante o dia.
Como funciona a energia solar?
Jeremy Munday, que recentemente ingressou na docência e pesquisa da Universidade de Maryland, está em fase de desenvolvimento de protótipos dessas células solares noturnas. Junto de uma equipe de cientistas, ele ainda espera melhorar a potência e a eficiência dos dispositivos, que precisam passar por adequações.
No artigo, Munday afirma que o processo é semelhante ao funcionamento de uma célula solar normal, só que ao contrário. Trata-se de um objeto que é quente em comparação com o ambiente ao redor e irradia calor como luz infravermelha. Uma célula solar convencional, ao contrário, absorve luz.
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“Em um espaço frio, se você tiver um objeto quente e apontá-lo para o céu, ele irradia calor em sua direção. As pessoas usam esse fenômeno para o resfriamento noturno há centenas de anos”, afirma Munday. Nos últimos cinco anos, segundo o cientista, houve muito interesse em dispositivos que podem fazer isso durante o dia – filtrando a luz do sol ou apontando para longe do sol.
Geração de energia solar à noite ao irradiar calor
Há outro tipo de dispositivo, chamado célula termorradiativa, que gera energia irradiando calor para o ambiente. Também surgiu daí a inspiração dos pesquisadores. “Estávamos pensando: e se pegássemos um desses dispositivos e colocássemos em uma área quente e apontando para o céu?”, questionou Munday. Essa célula termorradiativa apontada para o céu noturno emitia luz infravermelha porque é mais quente que o espaço sideral.
“Uma célula solar regular gera energia absorvendo a luz solar, o que faz com que a tensão apareça no dispositivo e a corrente flua. Nestes novos dispositivos, a luz é emitida e a corrente e a tensão vão na direção oposta, mas você ainda gera energia ”, disse Munday. “Você precisa usar materiais diferentes, mas a física é a mesma.”
O dispositivo funcionaria também durante o dia, caso fossem adotadas medidas para bloquear a luz solar direta ou apontá-lo para longe do sol. Como esse novo tipo de célula solar podendo operar potencialmente 24 horas por dia, é uma opção intrigante para equilibrar a rede elétrica ao longo do ciclo dia-noite.